segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Mais tecnologicamente conectados. E mais idiotizados também.



O excerto: "Imagine-se numa sala, sentado diante de uma mesa sobre a qual se empilham as peças de um gigantesco quebra-cabeça. Um funil pendurado no teto despeja mais peças na mesa do que você consegue separar, para não dizer encaixar. Você percebe que as peças são de diferentes cores e texturas, e que não pertencem ao mesmo quebra-cabeça. Sente que não dispõe de tempo - talvez jamais disponha - para ' pôr tudo em ordem '. Pôr tudo em ordem exigiria um tipo de atenção distinto da mera decisão sobre o que fazer com cada peça. Suponha que o que você procura montar é o padrão, o próprio sentido, de sua vida. O fato de que uma quantidade excessiva de bits seja despejada mais depressa do que você consegue assimilar significa manter-se indefinidamente em suspenso e restrito a fatos superficiais, incapaz de articular uma filosofia de vida coerente e profunda - fraudado de sentido".

Quem disse? Orrin E. Klapp, sociólogo norte-americano, no livro Opening and closing: strategies for information adaptation in society, publicado em 1978 (o trecho aqui reproduzido foi retirado d' O livro das citações: um breviário de ideias replicantes, de Eduardo Giannetti*)

E aí? Tomei uma decisão. Cancelei perfis no Facebook, no Twitter e, em breve, cancelarei também este no Blogger. Estou me sentindo na mesma condição do indivíduo presente na metáfora empregada por Klapp para descrever o atual estado da comunicação e do conhecimento (e olha que o cientista afirmou isso muito antes da explosão da web 2.0). Sinto-me cada vez mais imbecilizado nas chamadas redes sociais e na blogosfera. Sinto-me "indefinidamente em suspenso e restrito a fatos superficiais" (e fúteis). Não desejo mais seguir esse caminho.

* GIANNETTI, Eduardo. O livro das citações: um breviário de ideias replicantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2008

4 comentários:

  1. Pena você abandonar o espaço virtual. Você sempre incluia aqui e no sinistras bibliotecas (do qual eu vou sentir muita falta) coisas sempre muito oportunas. Pena mesmo. Abraços.

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    1. Como eu escrevi lá na última postagem do Sinistras, Gustavo: o gás acabou. Além do mais, vou começar o curso de Filosofia e quero me dedicar mais às leituras orientadas e atividades específicas pra essa nova graduação. Mas espero que a gente continue "trombando" por aí. Um abraço.

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  2. Cara, que pena. Vamos sentir sua falta, nestes espaços cibernéticos. Mas vamos marcar uma cervejada, muito real e gelada, e um bom Rock'n Roll!

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    1. Mas pode contar comigo pra qualquer outra colaboração, Eduardo: por exemplo, revisão de texto, indicação de bibliografia, etc. E quanto à cervejada e ao rock'n'roll, tô nessa. Um abraço.

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