"Era uma vez... numa terra muito distante... uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico.
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minha roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!!!!"
Luis Fernando Veríssimo
domingo, 8 de março de 2015
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
A República Federativa do Facebook - por Aurélio Munhoz
"O alto grau de
octanagem dos debates confirmam a relevância dos três temas para a sociedade:
violência, sexualidade e escândalos públicos.
Incendiários debates marcam a vida
agitada no universo virtual do Facebook há algumas semanas. Entre tantos, o
antagonismo das posições dos usuários sobre a escatologia verbal de Rachel
Sheherazade a respeito da agressão da comunidade a um adolescente nas ruas do
Rio de Janeiro, o circo de horrores exibido pelas empreiteiras/ clubes de
futebol na execução das obras da Copa do Mundo de 2014, bem como o beijo gay
que marcou a última novela da principal emissora de TV do País.
O alto grau
de octanagem destes debates e sua amplitude confirmam a relevância dos três
temas para a sociedade (violência, sexualidade e escândalos na esfera pública),
mas vão muito além disso. Comprovam o inacreditável sucesso da rede social que,
com apenas dez anos de existência, é dona de um portfólio formado por um bilhão
de almas no planeta e mais de 80 milhões no Brasil. O Facebook é, com
toda justiça, a jóia da coroa do mundo virtual.
É com estas
credenciais que o império construído por Mark Zuckerberg se consolida como
uma espécie de versão virtual - elevada, porém, à milionésima potência - do
Speakers' Corner, o despojado pedaço de chão localizado em uma das muitas
curvas do famoso Hyde Park, em Londres.
Lá, postados
em banquetas trêmulas de madeira ou em escadinhas de metal, malucos de todos os
matizes falam (quase) tudo o que querem a uma platéia 99% interessada em ouvir
suas chorumelas, mas apenas 1% disposta a empunhar suas bandeiras.
No Speakers'
Corner planetário em que se constitui o FB (Facebook), o limite é o infinito.
Talvez seja justamente esta capacidade de garantir visibilidade em escala
inimaginável a cidadãos ignorados pelo mass media que, somada à sanha
verborrágica da Nação, explique seu sucesso no Brasil e ajude a entender porque
os usuários postam em suas páginas uma paleta de propósitos com tons tão
variados: fofocas, desabafos, brincadeiras, confissões, ofensas, desejos,
cretinices, medos, frustrações, provocações, cantadas, sacanagens, mentiras e,
enfim, verdades e grandezas profundas da condição humana.
Neste rol
infindável de motivações, o Facebook tanto pode ser um divã de psicanalista
virtual quanto um diário de bordo que os usuários fazem questão de compartilhar
com seus iguais (e muitas vezes também com os diferentes) na tentativa de
perpetuar suas conquistas, expor convicções, amenizar as dores provocadas pelas
chagas da alma que a vida lhes impõe ou apenas exercer uma pretensa vocação
para a chacota.
Pois bem. Este artigo sugere que exatamente porque a linguagem escrita é
a forma de expressão maior do FB - e que fazemos uso dela com tamanha e tão
difusa profusão - a rede social criada por Zuckerberg ganha status da tradução
contemporânea mais fidedigna da Nação que somos. Ou que queremos ser.
Mais curioso
ainda é que os perfis de muitos usuários brasileiros do Facebook tornam
atualíssima a principal contribuição teórica do avô dos historiadores
brasileiros, Sérgio Buarque de Hollanda. No clássico dos clássicos
"Raízes do Brasil", obra que completa 74 anos em 2014, Sérgio
discorre sobre os brasileiros e foca sua análise em uma característica
intrínseca ao seu modo de ser: a cordialidade.
Para o
autor, porém, cordial nada tem a ver com fidalguia, mas com a palavra
latina cor, cordis; coração, em bom Português. O que significa que,
para Sérgio, o tal do homem cordial não é exatamente um sujeito gentil, mas uma
pessoa movida a emoções, não aos ditames da razão. A gangorra dos sentimentos,
em suma, tão característica dos passionais brasileiros.
Na extensão
desta linha de raciocínio, antecipando o que o antropólogo Roberto da Matta
sentenciaria quase 50 anos depois em “a Casa e a Rua”, o autor considera ainda
que o homem cordial mistura público e privado no mesmo tacho e não é muito
afeto a esta tantas vezes desprezada civilidade nacional.
Dito isso e
considerando sua teoria como válida, impossível não pensar que o perfil de boa
parte do público que navega pelo Facebook - até pela abordagem dos temas
citados - nada mais é que a reprodução destes tantos aspectos difusos dos
brasileiros, dissecados pelo mestre Sérgio Buarque de Hollanda.
É assim, por
exemplo, quando brasileiros de todas as regiões e classes (comprovando que a
passionalidade não tem divisas, nem faz distinções de saldos bancários)
substituem o cérebro pelo fígado no trato de questões sociais complexas, como
os temas citados: violência, sexualidade e corrupção. E, ao fazê-lo, cometem
frequentemente o equívoco de tomar suas opiniões como expressões da verdade e,
ainda, de ignorar, satanizar ou ridicularizar as posições divergentes.
Isto ocorre
porque, inaptos para reunir todos os elementos da vida social capazes de lhes
propiciar uma análise realista e objetiva do mundo, rendem-se às emoções e
bebem de fontes contaminadas pelo senso comum mais raso possível (não raro os
“hoaxes”, boatos de internet reproduzidos à exaustão) e que, por isso mesmo,
são incapazes de traduzir uma realidade per si profundamente densa. É
um achismo temperado com uma vocação irresistível à intolerância.
Deste
cenário ao equívoco da contradição é um pulo. E, para chegar a esta conclusão,
basta um exemplo: a abordagem de muitos usuários do Facebook sobre a
criminalidade. Muitas das pessoas que condenam a violência nas grandes cidades
e a ação muitas vezes truculenta da polícia são as mesmas que defendem seu uso
amplo contra todos os que destoam das regras sociais e das leis penais,
inclusive com o uso da Pena de Talião e da pena de morte como formas mais
eficazes de combate à criminalidade.
Porém,
note-se: defendem o uso da violência não pelas próprias mãos, mas pelas dos
outros, já que pouquíssimos são os que se dispõem a fazer o trabalho sujo de,
por exemplo, trucidar marginais em praça pública. Menos ainda quando são
desafiados a fazê-lo, por exemplo, caso o marginal em questão seja um filho ou
amigo. Ou seja: a violência que este grupo defende é apenas contra o outro;
contra a própria família e os amigos, nunca.
Não falta
quem guarde um desapreço crônico ao esforço de praticar os fundamentos que a
vida em sociedade exige. É que dá muito trabalho fazer a lição de casa: pensar,
debater, reconhecer erros. É duro mudar condutas. Muito mais fácil e divertido
é condenar, ignorar, satirizar e hostilizar os que pensam de modo diferente e
que ao pertencem ao nosso grupo de interesse.
É o que
temos na República Federativa do Brasil. E, por extensão, no nosso mundo
virtual paralelo, a República Federativa do Facebook. O segundo não exatamente
feito sob medida para o primeiro. Mas com a sua cara. A mesma que precisamos
reinventar (começando por nós mesmos) para sermos a Nação socialmente
desenvolvida e igualitária que, um dia, queremos - e precisamos - ser."
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Hoje, dia internacional do Livro.
"A História do LIVRO
O Livro, do jeito que nós conhecemos, impresso em papel, apareceu no século XV, quando Johann Gutenberg inventou a prensa de tipos móveis.
Essa invenção foi uma verdadeira revolução.
Pelo fato de ser muito mais barato, o livro impresso pôde alcançar multíssimo mais, gente, em todas as partes do mundo. O livro popularizado modificou a educação, democratizou a informação e o conhecimento; o livro acabou com a Idade Média.
Mas antes de ter a forma que tem hoje, o livro já existia. Na verdade, desde que o homem é homem, quer dizer, há mais ou menos um milhão de anos, ele vem deixando marcas de sua passagem pelo mundo. Desde os tempos da caverna, quando homens primitivos desenhavam e gravavam nas paredes de pedra imagens maravilhosas de bois, cavalos, bisões. Essas imagens nos contam que o homem, na época em que pintou essas figuras, já tinha senso artístico, noção de proporções e capacidade de cumprir um planejamento.
Mas a história do homem só pode ser contada a partir da invenção da escrita, quer dizer, a partir de cinco mil anos atrás.
De fato, a partir da invenção da escrita é que começaram a aparecer os primeiros documentos escritos e os primeiros livros.
Naturalmente a forma que os livros assumiram dependia dos materiais e dos instrumentos que cada povo tinha à sua disposição. E eram livros muito diferentes dos atuais.
Quando se escrevia sobre barro, madeira, metal, ossos e bambu, materiais rígidos, que não podiam ser dobrados, os livros eram feitos de lâminas ou placas separadas.
Os materiais flexíveis, como tecido, papiro, couro, entrecasca de árvores e finalmente papel, permitiam outras soluções, como as dobras e os rolos."
Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=zZjE1YE2YGwC&printsec=frontcover&dq=historia+do+livro&hl=pt-BR&sa=X&ei=RKNvUqKEJozIkAe3w4FY&ved=0CC8Q6AEwAA#v=onepage&q=historia%20do%20livro&f=false
Será que a história do livro está chegando ao fim? Ou será apenas mais uma mutação, saindo do papel e se transformando em bits na tela dos computadores, smartphones e tablets? Será que há futuro sem a leitura? Enquanto isso, parabéns aos livros, os escritores, e claro, aos leitores! Nada melhor pra comemorar do que um bom livro! (Eduardo Leandro).
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Príncipe das Trevas
Black Sabbath
Cedo ou tarde, todos que buscam o verdadeiro caminho da evolução terão que enfrentar e assumir sua própria escuridão.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Esboços Cotidianos: CODA - Steve Jobs
Esboços Cotidianos: CODA - Steve Jobs: "Numa tarde ensolarada, quando não se sentia bem, Jobs sentou-se no jardim atrás da casa e refletiu sobre a morte. Falou de suas ex...
CODA - Steve Jobs
"Numa tarde ensolarada, quando não se sentia bem, Jobs sentou-se no jardim atrás da casa e refletiu sobre a morte. Falou de suas experiências na Índia quase quarenta anos antes, de seus estudos sobre o budismo e de suas opiniões sobre reencarnação e transcendência espiritual. "Sobre acreditar em Deus, sou mais ou menos meio a meio", disse. "Durante a maior parte de minha vida achei que deve haver algo mais na nossa existência do que aquilo que vemos."
Ele admitiu que, diante da morte, pode estar superestimando as chances, pelo desejo de acreditar numa outra vida. "Gosto de pensar que alguma coisa sobrevive quando morremos", disse. "É estranho pensar que a gente acumula tanta experiência, talvez um pouco de sabedoria, e tudo simplesmente desaparece. Por isso quer realmente acreditar que alguma coisa sobrevive, que talvez nossa consciência perdure."
Ficou em silêncio por um um bom tempo. "Mas, por outro lado, talvez seja apenas como um botão de liga-desliga", prosseguiu. "Clique! E a gente já era."
Fez outra pausa e sorriu de leve. "Talvez seja por isso que eu jamais gostei de colocar botões de liga-desliga nos aparelhos da Apple.""
Ele admitiu que, diante da morte, pode estar superestimando as chances, pelo desejo de acreditar numa outra vida. "Gosto de pensar que alguma coisa sobrevive quando morremos", disse. "É estranho pensar que a gente acumula tanta experiência, talvez um pouco de sabedoria, e tudo simplesmente desaparece. Por isso quer realmente acreditar que alguma coisa sobrevive, que talvez nossa consciência perdure."
Ficou em silêncio por um um bom tempo. "Mas, por outro lado, talvez seja apenas como um botão de liga-desliga", prosseguiu. "Clique! E a gente já era."
Fez outra pausa e sorriu de leve. "Talvez seja por isso que eu jamais gostei de colocar botões de liga-desliga nos aparelhos da Apple.""
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