O excerto: "Quanto ao papel dos intelectuais, professores universitários, acredito que primeiramente eles devem assumir a graduação, dedicar-se a esse nível de ensino. Tenho visto nas universidades públicas uma inversão. Quem se considera intelectual, professor de primeira linha, só quer dar aula para a pós-graduação e não para a graduação. Isso tem de mudar para que a graduação melhore e para que os alunos da licenciatura possam chegar a suas escolas de uma maneira diferente. Dessa forma, com professores bem formados, o diálogo entre universidade e escola básica pode melhorar muito. Na verdade, o que ocorre é que apenas a pesquisa é valorizada no currículo do professor universitário. Ganham-se bolsas de produtividade por pesquisa, mas não por aulas bem ministradas. Outro descaso que encontramos relaciona-se a projetos de extensão. Esses projetos, que fazem com que a universidade se insira na vida social da comunidade, não são valorizados. Nem o ensino nem a extensão são premiados, destacados, somente a pesquisa. Se a universidade está dividida em ensino, pesquisa e extensão, se são essas as três funções que temos de exercer, então que sejam exercidas com equilíbrio. Um pesquisador não deve ser mais valorizado que um professor".

Quem disse? Graça Paulino (foto à esquerda), professora da Faculdade de Educação da UFMG e membro do CEALE (Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita). O excerto foi retirado de uma entrevista concedida à (ótima) Presença Pedagógica* e publicada na edição de nov./dez. de 2011.
E aí? Nessa entrevista (que recomendo, obviamente) Graça Paulino aborda diversos assuntos: o problema da desvalorização dos professores de educação básica; o papel social da intelectualidade; as características distintivas da leitura literária; por que ler Literatura, entre outros. Destacou-se o excerto acima porque nele se expõe - sendo mais significativo por vir de uma professora universitária com longa experiência - aquilo que considero o encastelamento confortável (mas prejudicial para o ensino no Brasil) de alguns doutores da academia que não se sentem nem um pouco incomodados com a educação básica. Ponto para Graça Paulino.
* "Ainda não temos um Brasil literário, mas precisamos continuar lutando por isso". Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 17, n. 102, nov./dez. 2011, p. 5-10
É Halem, a professora Graça Paulino tem razão. Não podemos (ou neste caso: os doutores)assistir ao descaso com a graduação - principalmente a licenciatura - e achar isso normal. Senão quem vai educar as pessoas na fase mais importante da sua vida: o ensino básico. Vou procurar ler a entrevista.
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