segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Metamorfose ambulante


Estamos a um byte de nós mesmos, e distantes da nossa vida obsoleta. 
Nada mais sugestivo de recuperar o texto abaixo, pois todos os dias nós nos recriamos para uma nova manhã!
Espero que gostem!


Traduzir-se
(Ferreira Gullar)
 

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?


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